Já escreveu sobre música, cinema, televisão, viagens e pessoas, para jornais como o Blitz, Lp, O independente, e para revistas como a Elle, Vogue, Lux Woman e a extinta Rotas e Destinos. Fez crónicas no Jornal Metro durante dois anos e amou. Miguel Somsen é ainda responsável por uma equipa de copys da direcção criativa na TVI há mais de dez anos. Dá módulos de escrita para auto-promoções de televisão na ETIC e organiza festas kinky com colectivo Coquette Burlette. Para o futuro está a criar um projecto de cinema com o amigo e fotografo Luís Barros e está a meio de uma colecção de cromos sobre os primeiros cinco anos da vida da sua filha, Amália! Na cabeça continua o desenvolvimento de um guia sobre marcas de gins possíveis de comprar em Portugal, com comparação de preços e lojas. A curto prazo planeia a Pink Light District, festa Coquette Burlette, na Taberna Tosca, para o réveillon. “Vai ser bem giro”, acrescenta. O que o distingue? “Os 194 cm de altura, decerto”.
Como defines o teu estilo?
Clássico, com tendência para o barroco e inspiração vintage (a minha loja de referência é A Outra Face da Lua). Durante anos vesti-me excessivamente, pensando excessivamente a combinação tresloucada e excêntrica das coisas. Olhando agora para trás, sinto-me envergonhado por ter tentado usar coisas que não eram a minha cara, tudo para (na maioria dos casos) esconder a esqualidez do meu corpo durante tantos anos. De certa forma, vesti-me como um presidiário geek. Só por volta dos 35 comecei a preocupar-me menos e a encontrar o equilíbrio das coisas que ficam bem – independentemente de serem caras ou baratas. E a coisa que melhor fica a um homem simples é a simplicidade.
Branco ou preto?
Branco no Verão. Preto no Inverno. Mais maniqueísta que isto não se pode ser. Lembro-me de como era impossível encontrar uma peça decente de preto profundo nos anos 80, e da emancipação que foi comprar finalmente umas calças brancas purificadas para uma festa de inauguração de Verão há três anos. Senti-me com menos 45 anos.
Simples ou complicado?
Simples. Precisamente porque não é fácil.
Confortável ou sofisticado?
Sofisticável ou confortado. Porque às vezes a elegância é um conforto na alma e nem sempre no corpo. Mas nem todas as noites são dias.
Qual o criador de moda a quem davas poderes de fada madrinha?
A todos aqueles grandes artistas que permitiram a partilha da sua genialidade e criação por tendências prêt-à-porter ou produção em massa. Portanto, a todos aqueles que inspiram as temporadas acessíveis ou exclusivas da Zara e H&M.
A peça ou acessório de moda que é a tua cara?
Uma camisa é uma camisa. Sim, um homem de jeans e t-shirt pode ficar muito sexy, mas só um. Por defeito, os homens desataram a combinar t-shirts com tudo, incluindo blazers coçados da colecção do avô ou cachecóis de Verão. Pior só o streetwear e gang do boné, as t-shirts com mensagens marotas, as incontornáveis sweatshirts-de-trazer-por-casa e o momento solene em que o foleiro da empresa substitui o fato clássico pelo (ainda pior) casual friday. Para mim, um homem elegante precisa de gola.
A tendência da estação a que não vais dar a hipótese de conhecer o teu armário?
É cedo para dizer se irei ceder à tendência que esta moda irá tentar impor na moda de aqui a um ano. Sei que dificilmente usarei galochas, botas de tachas ou cachecóis da OLP. Estou hesitante no regresso à gola alta. A tendência a que vou ceder: calças de pinças tipo anos 90. Já as comprei, mas ainda não as estreei.
Qual a tendência da estação que foi paixão à primeira vista?
O Verão. Acho incrível que não possa durar o ano inteiro. Bolas, há Verões que nem duram um Verão. Agora a sério: o regresso dos keds.
Que música, filme ou livro têm influenciado mais o teu trabalho ultimamente?
Nenhum directamente, todos em diagonal. A boa qualidade da produção televisiva (Homeland, Boardwalk Empire, Boss, Mad Men, Nurse Jackie, Girls) e algum cinema colateral influenciam a vida que por sua vez influencia o trabalho. Em 2012, recomendo Moonrise Kingdom, de Wes Anderson.
Qual o criativo que gostarias que te telefonasse a dizer: “Tive uma ideia e gostava de trabalhá-la contigo…”.
Talvez o Pedro Bidarra, o chef Ljubomir Stanisic ou a revista Time Out.
Qual a peça ou acessório de moda que tens raiva de não teres sido tu a criar?
A rotunda. Continua a estar na moda, não continua?